China encerra safra 2018/19 com aumento na produção de açúcar, mas com dúvidas sobre 2019/20

FONTE: DATAGRO

Restando poucas usinas em operação, a China produziu 78.900 toneladas de açúcar em maio, 17,0% menos do que em maio de 2018, encerrando assim a safra 2018/19 (Out/Set) com uma produção de 10,760 milhões de toneladas de açúcar, 4,2% a mais do que em 2017/18 devido ao fato de que praticamente toda a indústria entrou em operação mais cedo nesta última temporada.

Como reflexo do maior controle do governo sobre a entrada ilegal de açúcar pelas fronteiras, e também do aumento da tarifa sobre a importação de açúcar extra-quota, os agricultores chineses elevaram o plantio de cana em torno de 3% para a safra 2019/20, na contramão do que vendo sido observado no resto do mundo em virtude dos baixos preços no mercado internacional.

Desse modo, a expectativa inicial é de que a China eleve a produção de açúcar em 2019/20 para 10,95 milhões de toneladas, embora em volume ainda insuficiente para atender à crescente demanda doméstica, que deve chegar a 16,14 milhões de toneladas na próxima safra.

Contudo, assim como vendo ocorrendo nos países vizinhos, mais notadamente na Índia e na Tailândia, o clima não tem sido favorável ao desenvolvimento dos canaviais na China, especialmente na província de Yunnan, onde praticamente 20% do açúcar é produzido no país.

Como resultado, há o viés de que a China produza menos açúcar em 2019/20, podendo voltar ao volume produzido em 2017/18, quando 10,31 milhões de toneladas foram fabricadas.

A expectativa de que a China não consiga produzir mais açúcar em 2019/20 coincide com a decisão do governo em não renovar a salvaguarda sobre a importação de açúcar bruto a partir de 2020. A decisão surgiu em comum acordo após o Brasil ter entrado com pedidos de consultas na OMC contra a sobretaxação da China.

Hoje sobre todo o açúcar que é importado além da quota de 1,95 milhão de toneladas é cobrada uma tarifa adicional de 35%, totalizando uma incidência de 85% sobre as compras desde maio de 2019. Alegando eventual dumping, o governo decidiu adotar uma tarifa de salvaguarda de 45% sobre os volumes importados extra-quota a partir de maio de 2017, cedendo para 40% em maio de 2018, e agora para 35% em maio de 2019.

Atualmente, a arbitragem de importação de açúcar bruto está fechada para o açúcar originado no Brasil em -5,4%, e em -1,2% da Tailândia. As Licenças Automáticas de Importação começaram a ser emitidas, totalizando 1,35 milhão de toneladas, sendo válidas até o final deste ano.

Desde 2015 que a China vem controlando a importação de açúcar que é realizada além da quota de 1,95 milhão de toneladas através das licenças automáticas de importação, cujas emissões não são realmente automáticas. A aprovação é concedida apenas até o nível máximo aprovado pelo Ministério do Comércio da China (MOFCOM). Se as importações aumentarem muito rapidamente, o MOFCOM pode reduzir ou interromper a emissão de licenças para importação de açúcar a qualquer momento, restringindo, assim, a importação de açúcar extra-cota.

Como resultado, houve uma crescente importação de açúcar branco de maneira ilegal no país, através das fronteiras com Myanmar, por exemplo. Em 2016/17, a entrada ilegal de açúcar na China bateu um recorde de 2,18 milhões de toneladas, conforme estimativa da DATAGRO.

Com tanto protecionismo, hoje o preço do açúcar branco no mercado interno chinês gira em torno de US$ 725/ton, o dobro do cotado em Londres.