Uso de energia limpa para contribuir com a economia e meio ambiente ganha defesa na Câmara de João Pessoa

O setor sucroenergético paraibano, que gera mais de 65 mil empregos na Paraíba em 26 municípios da zona da mata, e em nível nacional é responsável por 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ganhou um importante aliado na Câmara Municipal de João Pessoa, o vereador Damásio Franca, ao apresentar Projeto de Indicação, aprovado por unanimidade, em que sugere o uso de etanol nos veículos tipo flex, usados pela administração direta e indireta da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

         Inicialmente, Damásio revelou que a ideia era apresentar um Projeto de Lei, mas por tratar de questão orçamentária, ele não pôde ser apresentado, pois isso deve ser iniciativa do executivo. “Se nós fizéssemos seria inconstitucional, e para levantar a bandeira do emprego e defesa do meio ambiente, fiz esse Projeto de Indicação. Agora, vamos aguardar a posição do prefeito”, declarou.

         Em sua justificativa, Damásio considera que a queima do etanol emite menos gases poluentes na atmosfera pelo fato de ser derivado da fermentação da cana-de-açúcar (produto renovável, de origem biológica não fóssil), produzindo, em média 25% menos monóxido de carbono e 35% menos óxido de nitrogênio do que a gasolina.

“Com isso, a adequação da frota de veículos é uma medida que objetiva a diminuição do impacto causado pela queima de combustíveis fósseis (produtos não renováveis) em todo o planeta. Além disso, trata-se de mais uma ação de preservação do meio ambiente que está em consonância com a política de sustentabilidade adotada por este município nos últimos anos, basta citar o exemplo do fim do Lixão do Róger”, declarou Damásio Franca.

O Projeto de Indicação do vereador, justifica ainda que no começo, foi estabelecido que, se o valor do etanol fosse até 70% do preço da gasolina, abastecer com o combustível renovável seria vantajoso. Mas, pela evolução técnica dos motores e do próprio etanol, hoje, essa proporção está diferente e pode chegar até a 85%.

O documento ainda faz menção a posição do presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, ao sugerir que cada motorista fizesse as contas e visse qual a proporção é a correta, pois nem mesmo as medições do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, feitas pelo Inmetro, refletem a realidade.

“Os testes feitos pelo Inmetro têm como base a gasolina com uma mistura de 22% de álcool anidro. Hoje, a gasolina vendida nos postos tem 27%. O número que está ali pra gasolina não reflete a verdadeira quilometragem que aquele carro poderá rodar com gasolina. Se o teste fosse feito com a gasolina com 27% de anidro, o consumo com esse combustível seria maior”, afirma Campos.

Ainda de acordo com o projeto de autoria do vereador Damásio Franca, neste sentido, com essa mudança de procedimento, a Administração Municipal em João Pessoa vai atender ao princípio da economicidade, promovendo a otimização de recursos públicos, ou seja, a promoção dos melhores resultados possíveis com os menores custos disponíveis em um determinado cenário socioeconômico.

O presidente do Sindalcool, associação de produtores de etanol, açúcar e bioeletricidade da Paraíba, Edmundo Barbosa, enviou congratulações ao vereador Damásio Franca Neto, pela posição adotada na Câmara. “O projeto vai trazer uma excelente contribuição prática para a transição energética de uma economia de baixo carbono”, lembrou.

Ele acredita que a medida certamente será implementada pelo prefeito Luciano Cartaxo e é a concretização de um gesto forte e indutor de desenvolvimento.

“Não podemos voltar aos negócios como antes. A fraternidade e a cooperação trouxeram satisfação de viver para milhares de pessoas desde o início da pandemia. Precisamos renovar a maneira como produzimos, consumimos e distribuímos. A adoção do etanol na frota de uso público está diretamente relacionada com a qualidade de vida da população”, destacou Edmundo Barbosa.

Ao defender o uso de etanol na gestão municipal da capital, Damásio relatou que além de todas as vantagens técnicas de usar esse combustível limpo, isso vai contribuir com o setor sucroenergético paraibano, que de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a produção da Paraíba para a safra 2019/2020 foi de 6,72 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, ocupando o terceiro lugar em relação aos Estados do Nordeste.

Por fim, Damásio revelou ainda o espírito de solidariedade e respeito aos paraibanos, pelas usinas da Região Metropolitana de João Pessoa, que além de serem grandes geradoras de emprego e renda, estão fazendo vultuosas doações de álcool 70% como forma de higienização em combate ao Covid-19.O Projeto de Indicação do vereador Damásio Franca está em análise do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo que vai decidir se executa ou não.